Concursos 2008 - Prof. Vicente Paulo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


Pensei muito antes de elaborar este texto, mas, ao final, decidi fazê-lo – mesmo sabendo das pedradas que receberei dos boateiros pessimistas de plantão!

Digo que levarei pedrada porque, em razão de eu atuar profissionalmente diretamente no segmento “concursos públicos” - aqui no site, escrevendo livros e ministrando aulas -, sempre que escrevo algum texto otimista (ou, como este, “menos pessimista”!) não são poucos os que enxergam na minha atitude puro e exclusivo interesse econômico (“mai$ aula$”, “mai$ livro$”, “mercenário”, “intere$$eiro – são apenas uma amostra das ditas pedradas!).

Mas, depois de mais de dez anos ministrando aulas para concursos, aprendi que não devo me calar quando sinto que algumas palavras minhas podem ser úteis à maioria dos candidatos, mesmo correndo o risco de ficar manco de tanta pedrada advinda de uma minoria!

Pois é. Hoje, depois das dezenas de e-mails desesperados que recebi, percebi que, neste momento, algumas palavras minhas podem ser úteis a alguns candidatos que se preparam seriamente para concursos, em razão da notícia, amplamente divulgada, sobre a possibilidade de não-realização de alguns certames previstos, em virtude da não-prorrogação da CPMF.

Mesmo de férias, após o pronunciamento do governo sobre o assunto, eu já vi de tudo! Em Brasília, já vi alunos cancelando cursinhos para o concurso do TST, mesmo com o edital já publicado, com provas marcadas para fevereiro/2008, com a alegação de que não haverá posterior nomeação dos candidatos aprovados! Já vi, também, candidato dando adeus ao sonho de ingressar no TCU, gritando que jamais estudará para concursos, amaldiçoando o atual governo – e muitas outras coisas!

Vamos, então, às minhas palavras.

Todos sabem que a prorrogação da CPMF não foi aprovada pelo Congresso Nacional. Todos sabem, também, que a extinção da CPMF representa, aproximadamente, uma redução de 40 bilhões de reais da receita da União. Diante disso, todos já sabiam (só a oposição se fez de inocente!) que o governo adotaria algumas medidas econômico-tributárias para compensar esse decréscimo de receita, não só para a manutenção das políticas sociais em vigor e realização de investimentos, mas, também (e, talvez, principalmente!), para empurrar a máquina estatal rumo às eleições municipais que se aproximam!

Diante disso, o governo soltou o pacote tributário, trazendo, especialmente, um significativo aumento do IOF e da contribuição social sobre o lucro das instituições financeiras. Para justificar mais esse aumento da carga tributária, o governo tinha que dizer à platéia que está fazendo a sua parte, cortando seus próprios custos. E isso também todo mundo já sabe: quando o governo fala em cortar custos, a contratação de servidores e o aumento de sua remuneração são sempre lembrados!

Mas, parece-me que o cenário não é tão ruim assim.

Primeiro, porque todos os possíveis cortes anunciados até agora dizem respeito aos concursos do Poder Executivo. Em razão da autonomia financeira de que gozam, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo (incluído o TCU, com concursos futuros já autorizados) e o Ministério Público é que decidirão sobre os cortes a fazer em seus respectivos âmbitos.

Apenas para clarear o que estou dizendo, citarei dois casos. Recentemente, foi aprovada uma lei criando 56 cargos de analista judiciário e 32 cargos de técnico judiciário para o quadro de pessoal do Conselho Nacional de Justiça – CNJ (Lei nº 11.618, de 19/12/2007). No mesmo dia foi, também, aprovada outra lei, criando 185 cargos de analista judiciário e 77 cargos de técnico judiciário para o quadro de pessoal do Supremo Tribunal Federal – STF (Lei nº 11.617, de 19/12/2007). Pois bem, eu duvido que esses órgãos abrirão mão do preenchimento desses cargos em 2008! Quem pensar em sentido contrário e quiser apostar comigo, pode enviar um e-mail!

Segundo, porque, mesmo no âmbito do Poder Executivo, eu não acredito que a restrição irá afetar as denominadas carreiras típicas de Estado, que estejam com insuficiência de servidores em seus quadros, como é o caso da CGU, da Receita Federal do Brasil – dentre outras. Acho que até podemos pensar numa eventual redução do número de vagas a serem oferecidas nos certames futuros, mas não no cancelamento de concursos para essas carreiras.

E, finalmente, o argumento mais forte para você não entrar no desespero: para você que já estava se preparando, parar de estudar neste momento, interrompendo um processo árduo de preparação, será um péssimo negócio! Interrompa agora os estudos e, em no máximo seis meses, você perderá todo o conhecimento já adquirido em um, dois ou mais anos de batalha!

É óbvio que não estamos diante de um momento de grande otimismo, e isso exige cautela, prudência. Por exemplo: se você estava pensando em abandonar definitivamente o trabalho para dedicar-se a certo concurso, até então tido como certo para o ano de 2008, talvez seja mais prudente aguardar os próximos acontecimentos políticos para tomar uma decisão tão importante; se você está desempregado e com pouca reserva financeira para o seu sustento, talvez seja o momento de reduzir seus custos ao máximo, para assegurar uma “gordura” de sobrevivência por mais alguns meses...

Agora, o que você NÃO PODE FAZER é parar de estudar. Isso não, de jeito nenhum! Se você está mesmo estudando sério, num verdadeiro projeto, não se deixe influenciar pelos boateiros de plantão e por aqueles que já desistiram e estão, agora, querendo que você faça o mesmo! Nesse meio, há muita gente aventureira, que passa dia e noite sonhando com uma desculpa para parar de estudar, culpando os outros como forma de justificar sua derrota, seu conformismo e acomodação. Então, "se vários amigos seus já desistiram" (li essa afirmação, hoje, num e-mail) diante dessas notícias, talvez você não estivesse tão bem acompanhado como imaginava! Por favor, não se deixe influenciar por essas pessoas...

Fique bem - vamos acompanhar os próximos acontecimentos e, então, conversaremos novamente.

Vicente Paulo

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