sábado, 12 de abril de 2008

INCERTEZAS SOBRE NOSSA APROVAÇÃO

Prezados amigos:

Recebo muitos e-mails e tento respondê-los com a maior presteza possível, mas confesso não dar conta. São muitas tarefas que me impedem de ser tão eficiente quanto gostaria, mas ainda chego lá. Alguns e-mails, por seu significado e temas gerais, coloco nas colunas, nunca sem antes pedir autorização ao autor e/ou eliminar qualquer dado que permita identificação. Que ninguém se preocupe: como juiz federal, sou um seguidor radical do respeito à privacidade.

Gosto muito dos e-mails, recebo vários comunicando aprovações, e todos, de um modo ou de outro, me alegram e motivam. Dadas essas notícias, vou colher a oportunidade de, hoje e na semana que vem, falar duas situações bem comuns. Elas abordam as dúvidas entre diversos caminhos e as incertezas sobre nossa aprovação. Além disso, vamos repisar as vagas em aberto e algumas orientações sobre como ficar e andar na "fila".

Eis o e-mail do colega:

"Grande mestre,

Bom saber que divides este espaço com os concurseiros de plantão! Me responde uma coisa: Você passava por sazionalidades do tipo: a) "cara, minha aprovação é questão de tempo e de disciplina e persistência"; b) "Nossa, é muita informação e tem muito mais pessoas mais preparadas que eu"?

Acho que isso é normal, mas o mais importante é saber passar esses momentos com o estudo contínuo.

Saudações grande mestre"

Eis a resposta:

"Meu companheiro concurseiro,

Eu acho que tinha mais vezes em que eu pensava que não ia conseguir! A gente se desanima várias vezes... pensa que não vai agüentar, tem vontade de chutar tudo pro alto. É normal essa variação entre "eu consigo" e "eu não consigo". É muita pressão mesmo.

Tanto é assim que os concurseiros, quando passam (e passam!) acabavam tendo uma sensação bem comum, corriqueira mesmo: dizem "ué, foi mais fácil do que eu pensei que seria". Claro que essa sensação só acontece depois, pois até chegar lá é uma luta.

Claro que o pessimismo e as imagens negativas ferram qualquer projeto, acabam com a auto-estima etc. Daí, sempre que vinham os pensamentos errados, eu fazia uma reprogramação naquele estilo: "Um dia eu consigo"; "ninguém vai conseguir me reprovar nem que leve um século para eu aprender tudo"; "se eu perder nessa prova, voltarei aqui na próxima ainda mais preparado" etc. A cada pensamento ou sentimento de perda ou desânimo, eu contra-atacava com as frases, mantras, reprogramações etc, entre as quais a que você citou, que é uma das melhores: "cara, minha aprovação é questão de tempo e de disciplina e persistência".

Eu ainda tive outro apoio: creio que Deus tem um plano para cada pessoa e que nos ama. Assim, como a Bíblia fala que "todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus", eu também me consolava e reanimava com a perspectiva divina para minha vida. Isso ajudou bastante.

Agora, me permita contar uma reminiscência. Quando eu tinha uns 14, 15 anos, fui participar de um concurso chamado "Jovem Embaixador". Quando cheguei lá, vi um monte de pessoas bem-vestidas, com cara de inteligente, conversando assuntos que eu nem sabia o que era. Achei-me um estúpido de concorrer com aqueles "gigantes" e tive vontade de sair de fininho e ir embora. Quando você falou em "tem muito mais pessoas mais preparadas que eu", lembrei dessa ocasião.

Pois é, por alguma razão que nem lembro, fiz a prova e acabei sendo o segundo colocado. Descobri então que cara não faz ninguém passar. Descobri que em concursos é normal uma baixa na auto-estima (que vim a passar várias vezes, inclusive quando resolvi correr a meia maratona do Rio de Janeiro). Daquela ocasião em diante me programei para não ser afetado pela sensação de que tem muita gente melhor etc.

Como dizia minha mãe, "araruta tem seu dia de mingau" e, melhor ainda, "o que é do homem o gato não come". Depois, o Fábio Gonçalves, da Academia do Concurso, ainda me acrescentou a lição da "fila", que é muito boa (coloquei-a no livro de motivação, com o amigo Francisco Dirceu, o Carta aos Concursandos). Concurso é uma fila, que anda cada vez que sai uma prova e os melhores são aprovados abrindo espaço para os que estão atrás, se preparando adequadamente. É só ficar na fila, ou seja, fazer o que tem de ser feito que sua hora chega.

Assim, os momentos de fé e medo se revezam, mas como dizia Martin Luther, não podemos evitar que os pássaros passem sobre nossa cabeça, mas podemos evitar que façam um ninho nelas. Daí, o medo, o desânimo e o pessimismo não são bem-vindos e a fé, a coragem e a vontade de vencer têm seus ninhos garantidos. Podemos não ter o controle sobre as idéias e imagens que aparecem em nossa mente, mas somos nós que escolhemos quais idéias e imagens poderão permanecer nela.

Tenho a certeza de que você passará pelas idéias ruins, manterá as boas e colherá, no tempo certo, o fruto das sementes que vem plantando. Boas semeaduras e boas colheitas, pois.

E o abraço fraterno de quem te deseja paz e saúde,
William Douglas"

Espero que a resposta ao colega também tenha sido útil a você. Semana que vem falarei de outro e-mail, que aborda a dúvida entre carreiras e caminhos.

William Douglas

William Douglas é juiz federal com mestrado em Direito e pós-graduação em Políticas Públicas e Governo. Atua também como professor em cursos de extensão em Direito e preparatórios para concursos. É autor de vários livros com dicas para passar em concursos públicos.


Extraido do link:
http://www.concursos.correioweb.com.br/index.html

0 comentários: